A socióloga Violeta Refkalefsky Loureiro recebeu da UFPA a maior honraria concedida a docentes aposentados, o título de Professora Emérita, pela grande projeção no exercício de sua atividade acadêmica. A entrega é um marco para o reconhecimento da contribuição feminina à ciência no Pará. Já foram, ao todo, entregues 45 desses títulos pela UFPA, desde 1960, mas apenas quatro foram destinados a professoras. Antes de Violeta, a última comenda havia sido entregue a uma mulher em 1992, para Maria Annunciada Ramos Chaves.

 

A concessão do título foi aprovada pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) em junho de 2015 e havia sido proposta pelo professor Juan Bardalez Hoyos, docente da Faculdade de Ciências Sociais, em consideração à vasta produção teórica e de pesquisa da professora Violeta.

Durante a solenidade de outorga do título, que aconteceu no Museu da UFPA, estiveram presentes o reitor da UFPA,  professor Carlos Maneschy, pró-reitores, docentes, discentes, autoridades como o deputado federal Edmilson Rodrigues, além de familiares e amigos da homenageada.

Cerimônia – As saudações foram feitas pelo professor Heraldo Maués, docente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia e amigo pessoal da agraciada. Ele apresentou um memorial da grande trajetória profissional e acadêmica da professora Violeta, ressaltando ser ela uma das principais conhecedoras do tema Sociologia da Amazônia.

Em continuidade à solenidade, o reitor Carlos Maneschy realizou a entrega do diploma à professora. “Violeta orgulha e dignifica o legado da UFPA. Sem dúvida, neste momento, ela recebe o que é dela, por justiça e mérito: o título de Professora Emérita”, disse. O reitor foi sucedido por uma homenagem do esposo da agraciada, o também professor da UFPA João de Jesus Paes Loureiro, que recitou os primeiros versos que escreveu para ela, quando se conheceram, em 1963.

Motivação – Em seu discurso de agradecimento, a professora Violeta lembrou o que a levou a ser uma pesquisadora dos temas amazônicos. “Nasci em Rio Branco, mas, aos 10 anos, fui estudar no Rio de Janeiro.

Nas férias, voltava para casa em aviões da Força Aérea Brasileira, em viagens que levavam dias, parando em várias localidades. Essas incursões nas entranhas da Amazônia me despertaram o interesse por estudar a região”, explicou. “Me sinto muito emocionada com esse título. É o coroamento de um esforço que sempre fiz não por esperar qualquer prêmio, mas porque amo a profissão, a sala de aula e o clima da universidade”, finalizou.

Carreira – A professora Violeta é graduada em Ciências Sociais pela UFPA (1969), mestra em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (1985), doutora em Sociologia pelo Institut des Hautes Estudes de l’Amériqu e Latine (1994) e pós-doutora pela Universidade de Coimbra (2006).

Atua como profissional do magistério desde quando ainda era aluna do Colégio Paes de Carvalho, no antigo Curso Clássico, quando foi professora primária. Dirigiu uma escola estadual e, em seguida, tornou-se professora universitária. Foi diretora do Instituto do Desenvolvimento Econômico Social do Pará (Idesp), diretora de Ensino da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e conselheira do Conselho Estadual de Cultura. Ao longo de sua trajetória, já recebeu diversos prêmios e destacou-se por conseguir implantar a disciplina Sociologia na rede pública paraense, mesmo antes de se tornar obrigatória no país todo, por também implantar a disciplina Estudos Amazônicos em âmbito estadual e por dar início ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) no Pará, também antes que qualquer outro Estado brasileiro o fizesse.

Violeta Loureiro escreveu vasta produção sobre a Amazônia, analisando seus conflitos e modelos de desenvolvimento, além da atuação da esfera governamental, que, segundo ela, sempre esteve desaparelhada para lidar com a complexidade da região.

Após 44 anos de docência na UFPA, aposentou-se em 2013, mas permanece atuando como pesquisadora e  professora voluntária nos Programas de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia e em Direito.

Texto: Ádria Azevedo – Assessoria de Comunicação do IFCH
Foto: Alexandre Moraes