Apresentação
O Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA), vinculado ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Pará (UFPA), começou a funcionar, com o formato atual, em 2013. Sua criação remonta à fusão dos cursos de Mestrado em Antropologia, criado em 1994, e, em Sociologia, criado em 1999. Ambos como os primeiros cursos de pós-graduação stricto sensu criados nesta região, nas áreas referidas. Essa fusão levou à criação do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais-PPGCS, aprovado pelo Conselho Superior de Ensino e Pesquisa- CONSEP/UFPA conforme Resolução nº. 3125, de 04/03/2004. Foi recomendado, nos termos da Portaria Ministerial nº. 2.264, de 19/12/1997, pelo Conselho Técnico Científico (CTC) da CAPES e homologado pelo Conselho Nacional de Educação - CNE através da Portaria nº. 2.878, de 24/08/2005. Em 2013, atendendo às recomendações da Coordenação da Área de Sociologia da CAPES, o programa foi reconfigurado passando a ser denominado Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, PPGSA, uma vez que em sua estrutura não se evidenciavam atividades na área da Ciência Política. Assim, a área de concentração do programa passou a ser nomeada Sociologia e Antropologia, com o propósito de formar criticamente docentes e pesquisadores com ênfase no diálogo entre saberes sociológicos e antropológicos. Este fato ensejou uma reestruturação curricular, com integração de disciplinas e das atividades docentes, assim como a reconfiguração dos critérios para credenciamento e descredenciamento do programa. Ao final de 2015, o colegiado aprovou o novo regimento do programa que contemplou essas alterações.
Por sua importância e sua localização na Amazônia, o programa atende a demanda de formar quadros altamente qualificados, em diálogo constante com instituições públicas, movimentos sociais e populações tradicionais. Nesse sentido, é importante ressaltar a contribuição dada pela pesquisa científica socioantropológica para alertar sobre a responsabilidade social, sobre o futuro do planeta e a preservação dos ecossistemas amazônicos. Por isso, a conduta dos/as pesquisadores/as busca a construção de novos objetos de estudo e o emprego de metodologias adaptadas à pesquisa em regiões de fronteira presentes.
Consolidado no cenário nacional, tem contribuído para elucidar melhor a problemática amazônica/brasileira em todas as dimensões, produzindo um olhar na perspectiva multiescalar, local e global, uma vez que a Amazônia está integrada às dinâmicas das grandes cadeias produtivas globais. Muitas decisões e estratégias são tomadas externamente à região, dada sua integração ao sistema-mundo e à economia nacional extrativista, largamente dependente do mercado mundial. O PPGSA vem se consolidando para analisar criticamente esse cenário, adotando perspectivas decoloniais que se refletem em seus projetos, disciplinas e pesquisas. Ainda, há um engajamento para fortalecer interlocuções institucionais, com movimentos sociais e populações amazônicas com o intuito de participar ativamente dos debates socioambientais relativos à Amazônia (também considerando a realização de eventos de grande porte na região, como a COP30).
Perfil docente
Inúmeras experiências de docentes e discentes foram construídas ao longo desses quadriênios, emergindo novas inquietações, problemáticas, debates e mudanças teóricas e metodológicas. Uma escrita marcante da história das ciências sociais e de suas leituras sobre a sociedade e em especial sobre o contexto amazônico e pan-amazônico que abrem caminho para processos de emancipação social.
Consideramos que os pilares do ensino e da pesquisa em sociologia na Amazônia, relevantes as áreas de concentração e as suas linhas de pesquisa, estão também presentes nas disciplinas e nos projetos de pesquisa, reunindo docentes e discentes em torno dos projetos e/ou grupo de trabalho. As pesquisas realizadas pelos docentes abrangem temas, problemas e questões caras a distintos campos da sociologia e da antropologia, numa perspectiva integrada disciplinar/interdisciplinar, com experimentação de novas metodologias na busca por epistemologias emancipatórias. Queremos ainda destacar que o Programa é comprometido com a construção de uma leitura crítica sobre o Brasil e sobre a Amazônia, um conhecimento capaz de apreender o contexto social-histórico, o conjunto social e as relações estruturantes da sociedade. É nesse contexto que entendemos os pilares do ensino e da pesquisa em sociologia e antropologia do Programa, como parte integrante das relações sociais, das diferenças e das desigualdades socioeconômicas, de gênero, étnicas e regionais.
Consolidados a nível nacional e internacional, o perfil dos/das docentes ampliou-se a fim de fortalecer a qualidade da formação dos discentes. A partir de 2024, o programa passou a contar com 23 docentes permanentes e 6 colaboradores/as, distribuídos de maneira equilibrada entre as 4 linhas de pesquisa.
Ainda, o corpo docente do PPGSA atua e atuou em instituições científicas de prestígio, dentre essas atuações, destacamos a presidência da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), presidida pela Profª. Drª Edna Castro (PPGSA), com mandato no período de 2024-2025, além da presidência da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), vice-presidida pela Profª. Drª. Sonia Magalhães (PPGSA) com mandato no período de 2022-2024.
Perfil discente
No que tange ao perfil discente, fortalecemos as políticas de ações afirmativas, que levaram ao ingresso crescente de discentes indígenas e quilombolas, via editais específicos (PSIQ) iniciados em 2020 (além das cotas para pessoas negras, PCDs e pessoas trans do edital de ampla concorrência). Essa interlocução tem sido fecunda e propiciado uma troca de saberes com ressonância efetiva na produção intelectual e técnica do programa, tanto discente como docente.
Nessa direção, o PPGSA vem impulsionando a estruturação das Ciências Sociais no Pará, pelo aumento da quantidade e da qualidade das pesquisas, de mais pesquisadores (as) integrando os grupos de pesquisa e formulando um diálogo interdisciplinar e transdisciplinar. Houve crescimento nos financiamentos obtidos e também na cooperação internacional que passou a ter mais consistência e conseguiu uma abrangência geográfica e institucional mais significativa. O esforço dispendido na cooperação resultou em importantes resultados ao debate e à reflexão crítica, com países europeus e Estados Unidos. Conseguiu também debater problemas da sociedade brasileira na sua relação com outros países latino-americanos, possibilitado pelo ingresso de estudantes estrangeiros, da Colômbia, do Equador e do Peru, e de intercâmbio de professores sobretudo em seminários temáticos realizados em Belém sobre a América Latina e o Caribe (SIALAT), nas edições de 2021, 2023 e 2024.
Últimas atuações do PPGSA
O Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA-UFPA) é pioneiro na política de cotas na Pós-Graduação na UFPA, oferecendo vagas específicas para pessoas indígenas e pretas em seu processo seletivo de ampla concorrência desde 2012. Na época, o programa ainda se chamava Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS). Essa iniciativa se alinha à política de cotas instituída pela UFPA na graduação em 2009, antes mesmo da lei de cotas de 2012, demonstrando o compromisso do PPGSA com a inclusão e a igualdade social.
Em resposta à crescente demanda de discentes que acessaram as cotas, o Programa oferece, desde 2020, vagas específicas para pessoas pertencentes a povos originários e quilombolas por meio do Processo Seletivo para Pessoas Indígenas e Quilombolas (PSIQ). Entre 2020 e 2024, o PSIQ recebeu 74 candidaturas, sendo 58 para o mestrado e 16 para o doutorado. Desse total, 63 são pessoas quilombolas e 11 indígenas, representando um índice de permanência de 87% e 20% de concluintes.
O Processo Seletivo para Pessoas Indígenas e Quilombolas ampliou as vagas de 6 para 8 (4 para mestrado e 4 para doutorado). Para os próximos anos, está projetada a ampliação do número de vagas para o PSIQ em pelo menos 50% e a inclusão de pessoas oriundas das populações tradicionais, totalizando 12 vagas. Outrossim, o PPGSA propõe, ainda, a composição de um Grupo de Trabalho Permanente das Políticas Afirmativas, ampliando tanto a temática como a inclusão das propostas de discussão de outros grupos recebidos pelo Programa, no Processo Seletivo de Ampla Concorrência tais como: pessoas trans, pretas e pardas, e Pessoas com Deficiência (PcD). O PPGSA conta, ainda, com a parceria da Associação de Estudantes Indígenas da UFPA (APYEUFPA) e da Associação de Estudantes Quilombolas da UFPA (ADQ-UFPA) que oferecem suporte à chegada desses discentes à Belém e fornecem acompanhamento acadêmico por meio de atividades voltadas à ambientação do cotidiano da pós-graduação.
Na perspectiva do ensino, o Programa oferece disciplinas que dialogam com as temáticas dos projetos dos/as discentes, além de vários docentes desenvolverem pesquisas e extensão voltadas às questões relacionadas às populações indígenas, quilombolas e tradicionais. Isso amplia as possibilidades de diálogo e de ações que avançam além da sala de aula, produzindo impactos sociais, culturais e econômicos significativos. São exemplos de iniciativas concretas, a titulação de territórios, a elaboração de cartilhas, a organização de seminários e produtos bibliográficos em que se destacam a atuação desses e outros grupos sociais tradicionais, tais como pescadores, mulheres das reservas extrativistas marinhas, entre outros, como podemos verificar no item 3.2 deste relatório.
O potencial de multiplicação dos esforços acadêmicos do nosso PPG se amplia, na medida em que essas pessoas ao manterem contato e retornarem aos seus lugares de origem, integram outros saberes aos seus de origem. As trocas de saberes constituídas no PPGSA também repercutem e inovam o olhar acadêmico, impondo a busca de outras sociologias e outras antropologias. Isso é constatável nas inovações propostas nas atividades acadêmicas que vai repercutir na construção de um novo Plano Pedagógico.
Assim, tanto o processo seletivo para Pessoas Indígenas e Quilombolas quanto às cotas previstas no Processo Seletivo de Ampla Concorrência atendem importantes expectativas de democracia nas ciências, sobretudo aquelas que anteveem como fundamental para a existência das universidades, em plano global, uma dinâmica multi-inclusiva de saberes e direitos dos povos e das comunidades tradicionais, bem como do grupos sociais discriminados por sua condição social, econômica, física e mental. Especialmente na Amazônia, onde as ciências devem considerar o protagonismo dos povos ameríndios e afrodescendentes em sua relação com a biodiversidade, a presença de indígenas e quilombolas nos programas de pós-graduação, seja como discentes, docentes ou gestores/as, é um passo fundamental para que as ciências avancem plenamente em direção a conhecimentos que renovem os horizontes epistemológicos predominantes em nosso tempo.
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Planejamento Estratégico Quadrienal - 2025-2028
O Planejamento Estratégico Quadrienal da CAPES para os anos de 2025 a 2028 visa expandir a atuação, impacto social e potencialidade das pesquisas e produções desenvolvidas pelo corpo docente e discente do PPGSA, abrangendo Ensino, Pesquisa e Extensão. Assim, o programa reuniu metas e propostas a serem realizadas durante este quadriênio. Para ler mais, acesse:
Planejamento Estratégico do Quadriênio e Metodologia de Autoavaliação
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Periódicos
O programa vem ampliando sua participação editorial. O PPGSA já contava com a revista eletrônica Visagem. A partir de 2024, passou a contar também com a revista Mapinguary, que possui políticas editoriais inclusivas e inovadoras, contemplando também a publicação de lideranças sociais reconhecidas de comunidades étnicas, políticas e populares.
- Revista socioantropológica Mapinguary
Mapinguary é um periódico semestral dedicado ao fortalecimento e à divulgação de pesquisas científicas, sempre sob o horizonte inspirativo das ciências socioantropológicas – a um só tempo, crítico e compreensivo. Seu contexto institucional é formado pelo Laboratório de Antropologia Arthur Napoleão Figueiredo (LAANF) e pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) – ambos em atividade no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Pará (IFCH-UFPA). O periódico Mapinguary dedica-se a divulgar diversos trabalhos científicos cujos temas gravitam em torno das ciências humanas. Este órgão de divulgação científica recebe, em caráter de fluxo contínuo, artigos/ensaios, resenhas, entrevistas, comunicações científicas, registros visuais etnográficos, entrevistas e traduções de diversas linhas de pesquisa em ciências humanas e sociais, o que assegura seu caráter interdisciplinar e sempre em entendimento com as atualidades epistemológicas, teóricas e sociais, bem como de temáticas da produção científica nacional e internacional.
Editor-chefe: Prof. Dr. Flávio Leonel Abreu da Silveira
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- Revista Visagem
A Revista Eletrônica Visagem é um dos resultados das ações do grupo de pesquisa de mesmo nome, ambos são de iniciativa de alunos e alunas do Programa de Pós Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Pará – PPGSA/UFPA. O termo Visagem deriva da língua francesa: visage, e indica a face, o rosto, a expressão ou o semblante. Na Amazônia, a aparição de visagens é uma característica cultural oriunda de grupos sociais denominados caboclos e estes se referem ao amálgama de traços culturais indígenas e ibéricos, somados às condições ambientais inerentes aos ecossistemas amazônicos. Assim, ver uma visagem é algo relacionado à figura humana, mas relacionada às aparições fantasmagóricas ou encantadas. A revista tem como objetivo publicar trabalhos de pesquisa de estudantes e pesquisadores(as) que envolvam a Antropologia Visual como metodologia, além de incentivar a produção, debate e pesquisa dentro desta área, enriquecendo tais discussões e buscando incentivar novos estudos, principalmente no que diz respeito à Amazônia.
Editora-chefe: Profª. Drª. Denise Machado Cardoso
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Mídias Sociais
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