O "Café com ciência", da Coordenação de Ciências Humanas, convida você a participar da Palestra "Vamos segurar nossas pontas!” Paisagens em movimento e domínio sobre os lugares no rio Arapiun.

Dia 31 de outubro às 15h

Palestrante: Drª Emilie Stoll (CNRS – Centro Nacional de Pesquisa Científica / França)
Local: Sala nº 06 - Auditório Paulo Cavalcante.
OBS: O evento acontecerá, excepcionalmente, na Sala 06, do Auditório do Campus de Pesquisa do Museu Goeldi devido a ocupação das salas da Coordenação de Ciências Humanas por ocasião do Museu de Portas Abertas.

 

Resumo: As pontas são feições salientes das paisagens de praia encontradas nas beiras dos rios Arapiuns e Tapajós, na região de Santarém-PA, no Baixo Amazonas. As mudanças sazonais constantes se veem de maneira marcante nas pontas: elas oscilam entre o seco e o molhado, ora são faixas de terra emersas e visíveis, ora estão sob a água e são pouco visíveis. Elas constituem um prolongamento de terra que adentra o rio e são consideradas pelas populações locais como uma passagem entre a superfície e o fundo. As pontas são, portanto, um espaço liminar, de interface, onde os humanos encontram-se com seres subaquáticos, os encantados. Essa liminaridade se expressa também no seu caráter híbrido, já que ali se encontram diferentes elementos (água/terra), diferentes mundos (terrestre/subaquático, humano/não humano) e, como veremos, diferentes períodos (passado/presente). Em um quadro renovado de estudos sobre as relações entre as Sociedades e o meio ambiente[1][1][1], as paisagens não são mais consideradas como simples panos de fundo sobre os quais se realizam as atividades sociais. Seguindo essa linha, apresentarei um estudo relacional do conceito amazônico de pontas, tal como percebido pelos moradores do rio Arapiuns, o último afluente do rio Tapajós. Mostrarei como o padrão de interações entre vários coletivos de “donos” – sejam eles humanos ou não humanos, que residem juntos em pontas específicas - informa a maneira como as pessoas se relacionam com os lugares. As transformações nas paisagens resultam dessas interações e induzem mobilidades de pessoas e de não humanos ao longo do rio, legitimando as ocupações territoriais de alguns grupos familiares em determinados lugares. Em uma região onde não houve até hoje uma regularização fundiária satisfatória, as transformações das paisagens ecoam as formas de domínio da terra.

É um momento importante de interação e troca de conhecimento. Contamos com a sua presença!


Evento gratuito.