O Observatório de Conflitos Urbanos de Belém (PPGSA/UFPA) promoverá dia 13 de julho/2020, às 16 horas, o IV Seminário “Lugares de identidades raciais e vida popular em Belém: o Porto Público da Palha”, que realizaremos no formato de live pelo canal do Observatório no youtube.

 

O seminário visa dar visibilidade à vida popular do Porto da Palha e debater a segregação racial na política urbana de Belém. Protagonizado pelo Cedenpa (Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará), e divulgação entre outros movimentos negros na cidade, quilombolas e na UFPA, esperamos alcançar um público amplo interessado no tema.

 

O Porto da Palha tem muita importância na vida cultural e econômica da cidade e, na perspectiva da decolonialidade do poder, esse lugar com forte identidade negra, embora ainda não politicamente afirmada, será interpretado concebendo vínculos do tempo presente com a situação colonial. Belém continua racialmente segregadora, assim como o foi enquanto cidade colonial, e essa realidade se dá pelas remoções e gentrificações racistas, bem como pelo desprezo que o poder público nutre pelos lugares de vida popular na cidade.

 

 O Porto Público da Palha existe como um lugar onde vigora uma economia popular pujante, que articula as ilhas ao continente, configurando-se como uma “porta” de acesso e saída da cidade. Chegam pelo porto pessoas, culturas e produtos regionais para abastecer as feiras e mercados, garantindo o consumo popular das famílias dos bairros populares ao redor do porto: Guamá, Jurunas, Cremação e Condor. Açaí, cupuaçu, cacau, farinha, peixe, carvão, palha, madeira, pirarucu e galinha são comercializados ali. Ao porto, as pessoas não vão apenas para vender e comprar, mas também para rever amigos, compadres e familiares, em um clima típico de convivência comunitária. Os produtos e as pessoas são originários de comunidades ribeirinhas e quilombolas, na porção insular do município, compondo uma paisagem singular com as ilhas das Onças, Combu e Papagaio em uma dinâmica cultural e econômica, influenciada pelas águas do Rio Guamá e da Baía do Guajará.

 

A leitura decolonial da cidade valoriza o saber-fazer popular, buscando uma ressignificação política do espaço e articulando os anseios de humanização de pessoas racialmente oprimidas com possibilidades de se construir com elas um horizonte de bem-viver.

 

Participantes - Compõem a live Rodrigo Peixoto (Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia - PGSA/UFPA), Jorge André Silva (Centro de Estudo e Defesa do Negro - CEDENPA), Cristina Sena (Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG) e Jakson Silva (Observatório de Conflitos Urbanos de Belém), que argumentarão sobre a segregação urbana da população negra, sobre a negação do direito à cidade e sobre educação patrimonial para a valorização das identidades locais. Haverá também a presença do Sr. João Lima, morador e proprietário de bar e restaurante localizado no trapiche do Porto da Palha, narrando sobre a vida no lugar, além de outros integrantes do Observatório do Conflitos Urbanos de Belém, um projeto de extensão da UFPA.