Durante o período de 3 a 6 de agosto de 2016 aconteceu a 30ª Reunião Brasileira de  Antropologia em João Pessoa (PB).  O maior encontro de Antropologia do país trouxe como temática geral “Políticas da antropologia – ética, diversidade e conflitos”. 

Segundo a organização do evento, a temática deste ano teve como base o momento atual de crise política. Diante do crescimento do conservadorismo e o recuo em relação a direitos conquistados, além da crise econômica pela qual o país passa, é preciso refletir sobre o papel do antropólogo em nossa sociedade e promover a reflexão sobre conhecimentos e princípios éticos necessários na prática da Antropologia, principalmente devido ao destaque negativo que a Antropologia vem recebendo da grande mídia.

Entrevistamos a professora Denise Cardoso para compreender como foi a participação de alunos e professores do PPGSA na 30ª Reunião Brasileira de Antropologia, e quais debates e discussões o programa de pós-graduação pretende levar adiante através de disciplinas e outras metodologias:

 

Entrevistadora: Como você avalia a participação dos alunos e professores na 30ª RBA?

Denise M. Cardoso: Vários alunos e alunas de Ciências Sociais (Graduação e Pós) participaram desta reunião e boa parte com apresentação de trabalho. Isso é favorável para quem está realizando pesquisas e precisa dialogar com um público específico desta área. Apresentar trabalhos em fase de elaboração permite que se faça uma avaliação dos resultados parciais e procedimentos metodológicos utilizados. Além disso, creio que o ambiente acadêmico no qual participam pesquisadores e pesquisadoras de renome nacional e internacional eleva a qualidade dos trabalhos; além deles e delas estarem mais disponíveis e acessíveis para conversas informais e troca de experiências, contatos e informações. Assistindo aos debates nos GT, Mesas Redondas, Simpósios e Conferências participamos de atualizações em diferentes aspectos e isso é estimulante para avançarmos em nosso cotidiano. Professores e professoras do PPGSA estiveram presentes na 30ª RBA e creio que representando todas as linhas de pesquisa do programa. Talvez tenhamos mais propostas de mesas, GT e simpósios nos quais haja participação docente na coordenação, e isso seria muito interessante em termos de alianças e formação de redes.

Mesmo com recursos limitados, devido ao atual contexto em que estamos enfrentando no país, as pessoas se organizaram e se articularam previamente para participar da RBA. Muitas delas foram com recursos próprios e isso é extremamente louvável. 

 

Entrevistadora: O que a 30ª RBA trouxe de inovador para levarmos adiante no Programa de Pós-graduação de Sociologia e Antropologia? 

Denise M. Cardoso: Creio que a discussão para a produção do conhecimento para além das dicotomias foi algo que me chamou bastante atenção e reforça um posicionamento que adotamos em nossas pesquisas, aulas e publicações. Principalmente naquilo que se refere aos chamados conhecimentos tradicionais. Também considerei muito profícua e interessante a discussão sobre Antropologia Visual e as várias linguagens proporcionadas pelo ciberespaço. As práticas e pesquisas envolvendo imagens foi bastante estimulante. A questão da diversidade também é um tema muito importante em termos antropológicos e amplia o debate com outras disciplinas e contextos.

 

Entrevistadora: Quais discussões apresentadas na 30ª RBA você pretende tratar nas suas disciplinas no PPGSA?

Denise M. Cardoso: As experiências etnográficas envolvendo imagens serão mantidas em disciplinas do próximo ano, a exemplo da Antropologia Visual 1 e 2. A questão envolvendo produção do conhecimento, cibercultura, ética e imagem serão tratados em projeto a ser apresentado em 2017. Desse modo, reforçarei a rede de grupo de pesquisa na qual fazemos parte com o Grupo Visagem. Também pretendo reforçar os estudos sobre saberes e conhecimentos indígenas na área de medicina tradicional e educação indígena. Quanto à questão de gênero, pretendo adensar o debate a partir das teses e dissertações que eu oriento.